"É tempo de se falar, mostrar e compartilhar o conhecimento das mulheres, de uma maneira mágica, mística. É tempo de as mulheres descobrirem mais sobre seus próprios mistérios - seus processos de mesntruação e nascimento e os ciclos de suas emoções. É tempo de compartilhar isso com os homens. Muitas mulheres dizem: 'O que posso compartilhar? Eu mesma não compreendo.' Bem, é tempo de elas se voltarem para dentro de si mesmas e dizer: 'O que é isto que estou sentindo? Se tivesse de explicar a alguém o que é ser uma mulher, o que diria? O que posso fazer para me tornar mais como deusa num corpo de mulher - mais uma criadora de magia?' A Deusa interior é aquela que sabe - que leva informação de um sistema para outro."

Terra: Chaves Pleiadianas para a Biblioteca Viva - Barbara Marciniak

AMAreS


AMAreS tem sua origem em um processo de cura que passei e estou passando, quisá passarei por dias infindos. Uma cura pautada no Amor! Amor que re-surgiu dentro de mim quando re-encontrei-me no Outro. 

Eu me fechei pro Amor durante anos e quando, enfim, a vida me mostrou que eu podia amar e ser amada de novo, encontrei-me encurralada no tempo-espaço, presa em traumas e padrões mentais. O Amor se mostrou pra mim abarrotado de dor e molhado de lágrimas, com uma espera infinda e cheio de ensinamentos. O Amor se mostrou pra mim com palavras duras e acordes de sanfonas, com rejeição e dias de silêncio. O Amor se mostrou pra mim justo pra eu mostrar minhas sombras pro Outro, e aceitar minha escuridão, e amá-la, e deixá-la ir na hora certa. Foi na intensidade dos pulos em abismos que encontrei um sentido de ser assim, com a intereza que sou. Então pude deixar a culpa seguir seu caminho; a expectativa ir pela estrada dela; os planos se re-construírem pautados em outros quereres que têm como base o Amor por mim mesma, e que está rodeado de infinitos outros amores. 

Eu materializei os corações que sou e possuo dentro de mim. Eles manifestam leituras do amor, mas também retratam uma história de amor. Com altos e baixos, com cores e texturas, com delicadeza e dureza, com imaturidade e magia, com formas e sentimentos, com palavras e silêncio, eles expressam meu grito abafado, o que eu sou, sinto e vivi.


Utilizei minhas mãos e criatividade para dá-los vida, junto com lágrimas, sorrisos, lembranças quase inexistentes de dias intensos, saudades que nem sei mais se sinto, espera que virou curiosidade, magia que insiste em não ir embora e uma vontade imensa de transformar emoções estancadas no corpo. Ao ajudá-los a nascer, fui paulatinamente ressignificando o Amor em mim. Primeiro vi as formas ganharem vida nas estampas do tecido - foram 7 corações que quiseram vir ao mundo. Depois, em 5 deles e com ajuda dos mesmos, fui adicionando mais elementos - rendas, flores, botões, sementes. Histórias estavam sendo narradas - minha história junto com as muitas histórias de pessoas que amam, amaram e/ou amarão. Além do tempo, o Amor é o início e o fim de tudo! 


Feitos, eles não podiam ficar comigo - precisavam seguir e mostrar-se para todos que quisessem olhar o Amor com outros olhos. Deixei-os pendurados em um imenso cajueiro cheio de ramas tortuosas - a Grande Mãe manifestando seu amar na forma dos galhos, no tapete amarelado cheirando caju logo abaixo, na rede amarelo-ovo que compunha a paisagem. Com cheiro de incenso e fumaça de tabaco, fiz minha oferenda, e eles sequer me olharam, seguiram no balançar do vento, virando-me as costas e dizendo-me - siga! - assim o fiz. 


Sobraram 2 corações - sinal de que o processo continua, há muito a ressignificar e descobrir sobre o Amor que me habita. Estes 2 corações nos representam sem nem ao menos estarem vestidos - a forma e estampa dos tecidos é nós dois, o duo que sou! Ainda resta também os negativos dos 7 corações criados, os moldes que esperam também recriar-se, e novamente ser.

Há vários corações pra cada pessoa que habita este planeta, e eles são únicos - em seu pulso, em sua cor, em sua textura. AMAreS fala disto - dos corações que nos habitam, dos corações que somos, dos corações que oferendamos ao Outro. Uma representação arquetípica do coração ressignificada, re-inventada, re-criada, re-direcionada para cada ser vivente, pois cada um é um mar em particular e cada mar pulsa a onda de sua maneira. 

Certamente há dentro de mim, no meu mar infinito de múltiplas ondas, um coração que representa em sua pluralidade cada ser ao qual eu devoto amor . Ele pode ser materializado no arquétipo do coração que conhecemos, como estes foram, mas ele pode também ser expressado de qualquer forma, cor, textura e sabor que queira vir a ser. É só deixá-lo ser mar, e ar, e amar; pois se há vida e morte, AMAreS!  

Parte I - escrito em 15.11.2011

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