CHAMADO DA LUA
"Avó Lua chama, chama
Em sua fase cheia, chama
Ventre-vela que alumeia
É clarão cor de fogueira
Ê balão em espiral que incendeia
Imensidão cor do sol que mareia
Furacão corpo luz que rodeia
Celebrar com o coração
Em noite de Lua Cheia!"
Escrito em 20.08.2012
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EUs EM MIM
"Há um turbilhão de EuS em mim.
Múltipla que Sou:
muda, morra, mova e vá.
Vá, ré-nó-vá!
Nova, ninfa, mingua, seja mirra!
Mira ao longe, de fronte, no horizonte:
Há pedaços de mim pelo caminho?
Há traços de mim neste vazio?
Há mal tratos, relatos, pés descalços,
E mãos neste túnel sem trilhos.
Bem no fundo de mim,
Onde muitas me habitam.
Bem no poço sem fim,
Onde nem bem nem mal transitam.
Apenas onde Eu Sou.
Sou cor, dor, sabor, temor, labor,
E amor.
EU SOU!"
Escrito em 26.07.2012
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SANGUE SAGRADO
"O sangue sagrado sai de minhas entranhas
Meu ventre encarnado desencarna poder
Com uma força tamanha
Quer desengravidar a vida grávida
Gravada no corpo, no rosto, no poço
Mergulhando nas profundezas
Do meu ser-existir
Encontro aconchego no útero-sala
Quente e escuro
No bater compassado
Do meu coração escudo:
Tum bate, tu parte.
Pode ir, não há problemas
O colorido vermelho que meu templo emana já relembra:
Sou Deusa, grávida fêmea
Gravidez consciente que gera sementes pequenas
Tu rega, cresce assunçena
Eu rego, são quaresmeiras
Enraizando que nem tronco de Aroeira
Voando alto que nem revoada de borboletas
Aterrizar o Céu, elevar a Terra
Meu corpo é um canal
O momento é de entrega."
Escrito em 18.08.2010 em homenagem ao meu sangue menstrual.
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DANÇA DE VIDA-MORTE
"Minhas emoções
vertem de meu corpo
com uma intensidade
que mais parecem que vão rasgar a pele,
me fazer em pedaços,
para então tecer-me em novo pano.
O rio que em mim habita, e sou,
esvai-se em meus olhos, poros;
imploro com uma loucura apaixonada
que este momento se eternize quando,
enfim, me vejo morrer:
soluço, suspiro,
respiro a última fatia de vida que há em mim.
Em uma dança,
a vida rodopia com a morte
no salão de meu coração.
No lugar onde tu habitas,
a morte e a vida se encontram de mãos dadas,
excitadas por novamente vir à tona.
Eternas namoradas,
elas esperam ansiosas
o dia em que nossos lábios se tocarão,
nossos corpos se enlaçarão,
e então morreremos dentro um do outro.
Longe de ti, eu morro e vivo;
perto de ti, morreremos e viveremos.
Conjugar o verbo no plural é excitante,
mesmo eu querendo também o singular.
Se a vida e a morte são duais, por eu não haveria de ser?"
Escrito em 22.05.2011, em um dia de dança com a vida e a morte.
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